O mês de junho é conhecido mundialmente como o Mês do Orgulho LGBTQIA+, por isso, criamos esse artigo para te ajudar a entender mais sobre o assunto e aumentar a conscientização e respeito.
Durante esse período, acontecem diversas manifestações e eventos que buscam celebrar a diversidade, promover a inclusão e combater a discriminação contra a comunidade LGBTQIA+. Neste artigo, iremos explorar a história desse movimento, suas conquistas, desafios e importância para a sociedade atual.
Origem do Mês do Orgulho LGBTQIA+
O Mês do Orgulho LGBTQIA+ tem suas raízes na Revolta de Stonewall, que ocorreu em junho de 1969, nos Estados Unidos. Naquela época, a comunidade LGBTQIA+ enfrentava uma forte repressão policial, e a revolta em Nova Iorque marcou o início de um movimento de luta pelos direitos e pela visibilidade dessa comunidade.
O que significa a Sigla LGBTQIA+
A sigla LGBTQIA+ representa a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero presentes na comunidade. Cada letra tem um significado específico:
L: Lésbicas;
G: Gays;
B: Bissexuais;
T: Transexuais;
Q: Queer ou Questioning (pessoas em processo de descoberta da própria identidade);
I: Intersexo (pessoas que nascem com características sexuais biológicas que não se enquadram nas definições típicas de “masculino” ou “feminino”);
A: Assexuais (pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas);
+: Engloba outras identidades de gênero e orientações sexuais.
Porém, muito além de entender o que cada letra significa precisamos nos atentar ao fato de que a comunidade LGBTQIA+ sofre diariamente com ataques, perseguições e, infelizmente, atentado à vida.
De acordo com Observatório de Mortes e Violências LGBTQIA+ no Brasil, em 2022 ocorreram 273 mortes LGBT de forma violenta no país. Veja o gráfico abaixo:
Ou seja, uma pessoa LGBT foi morta a cada 32 horas somente em 2022.
Por isso, é tão importante abordarmos essa temática em qualquer ambiente, principalmente o escolar e familiar.
Avanços e Conquistas
Desde a revolta de Stonewall, a comunidade LGBTQIA+ obteve importantes avanços em termos de direitos civis e inclusão social. Como a descriminalização da homossexualidade, a legalização do casamento igualitário, a adoção de leis de identidade de gênero e a criação de políticas públicas voltadas para a população LGBTQIA+ e a adoção de crianças por casais LGBT são exemplos de conquistas significativas.
Mas ainda falta muita coisa. Como, por exemplo, no mercado de trabalho.
As dificuldades enfrentadas pelas pessoas LGBTQIA+ no mercado de trabalho
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Center for Talent Innovation, 61% dos funcionários gays e lésbicas decidem por esconderem sua sexualidade de gestores e colegas em virtude do medo de perderem o emprego.
A pesquisa ainda revelou outros dados alarmantes:
- 33% das empresas do Brasil não contratariam para cargos de chefia pessoas LGBTQIA+;
- 41% das pessoas LGBTQIA+ afirmam terem sofrido algum tipo de discriminação em razão da sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho;
- 90% de travestis se prostituem por não terem conseguido nenhum outro emprego, até mesmo aqueles que têm boas qualificações.
Isso significa que, mesmo que a pessoa tenha qualificações, formações, especializações e até experiência anterior, a sua orientação sexual interfere tanto na contratação como nas relações diárias de trabalho.
E, se pensarmos nos jovens que estão entrando no mercado de trabalho isso pode ser até pior. Levando em conta que eles ainda estão estudando e buscando experiência para construir uma carreira.
As dificuldades enfrentadas pelas pessoas LGBTQIA+ na educação
Segundo a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016, feita pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), 73% dos alunos LGBTs entrevistados já sofreram agressões verbais devido sua orientação sexual e 68% por conta de sua identidade de gênero, revelando como a escola pode ser um espaço hostil e violento para esses jovens.
Essas violências e perseguições forçam esses jovens a abandonar a escola. Atualmente, estima-se que 25 milhões de pessoas estão fora da escola, segundo dados do IBGE. No caso da população LGBTQIA+, discriminação e violência são causas que, não raro, levam ao abandono, segundo Fábio Meirelles, coordenador-geral de Direitos Humanos do MEC entre 2011 e 2015.
Os desafios enfrentados por eles vão desde não ter seu nome social respeitado na chamada até o dilema sobre qual banheiro utilizar.
Importância do Mês do Orgulho LGBTQIA+
O Mês do Orgulho LGBTQIA+ é uma oportunidade de visibilidade e conscientização. Através de desfiles, eventos culturais, palestras e debates, a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados têm a chance de reforçar a importância da igualdade e do respeito à diversidade.
Além disso, o mês serve como uma forma de apoio e acolhimento para pessoas que ainda estão em processo de aceitação de suas identidades.
Participação Aliada
A luta pela igualdade não é restrita à comunidade LGBTQIA+. É fundamental que pessoas heterossexuais e cisgênero sejam aliadas nesse processo. O respeito à diversidade, a desconstrução de preconceitos e a defesa dos direitos LGBTQIA+ devem ser uma preocupação de todos.
Escola Porthal e a Conscientização sobre a comunidade LGBTQIA+
Nós, enquanto escola buscamos informar e conscientizar nossos colaboradores e alunos sobre o tema, e, principalmente, nos preocupamos em ser um ambiente seguro e acolhedor para nossos alunos LGBT.
O respeito e o incentivo à educação é parte da nossa missão.
Pedimos ao nosso colaborador Eduardo nos conceder uma entrevista sobre o tema, pois, além de ele ser parte dessa comunidade também está em contato direto com nossos alunos e consegue nos falar sobre a importância do tema, não apenas nesse mês de Junho.
E: Eduardo, como você analisa hoje o cenário educacional para a comunidade LGBT?
O cenário educacional para a comunidade LGBTQIA+ pode variar significativamente de país para país e até mesmo dentro de diferentes regiões dentro do mesmo país. No geral, a conscientização e a aceitação da diversidade sexual e de gênero têm crescido em muitas partes do mundo nas últimas décadas, resultando em avanços positivos no campo da educação. Essas políticas podem incluir medidas para combater o bullying e a discriminação, treinamento para educadores sobre questões LGBTQIA+ e a inclusão de conteúdo relacionado à diversidade sexual e de gênero nos currículos escolares. No entanto, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados. Muitos estudantes LGBTQIA+ ainda enfrentam discriminação, intimidação e falta de suporte adequado em ambientes educacionais. Isso pode ter um impacto negativo em seu bem-estar emocional, desempenho acadêmico e participação na escola. Nesses casos, é importante que organizações, defensores dos direitos LGBTQIA+, e até mesmo a escola continue trabalhando para promover a conscientização, fornecer suporte e advogar por políticas inclusivas nas instituições educacionais.
E: Eduardo, qual é a importância da escola discutir esse tema e incentivar o diálogo e a promoção de informações?
A discussão e inclusão de temas relacionados à comunidade LGBTQIA+ são fundamentais nas escolas. Isso ajuda a criar um ambiente inclusivo onde todos os alunos se sintam respeitados, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Ao educar os alunos sobre a diversidade sexual e de gênero, eles desenvolvem empatia e respeito pelas diferenças.
O diálogo aberto sobre a temática desafia estereótipos e preconceitos existentes. Ao apresentar informações precisas e educar os alunos, é possível desmistificar equívocos. Isso permite que eles respeitem e valorizem as diferenças, promovendo a tolerância e a inclusão em suas futuras interações. Os educadores desempenham um papel crucial na facilitação desse diálogo, fornecendo recursos adequados e criando um ambiente seguro.
E: Eduardo, o que você diria para quem tem vontade de estudar e se qualificar, mas se sente inseguro e desconfortável com o ambiente educacional?
Busque comunidades de apoio, procure grupos ou organizações que ofereçam apoio e recursos para estudantes LGBTQIA+, via meio social, ou até mesmo, presencialmente, identifique educadores, funcionários da escola ou colegas que sejam aliados da comunidade LGBTQIA+. Além disso, informe-se sobre seus direitos, conheça as leis e políticas que protegem os direitos dos estudantes LGBTQIA+ na educação.
Familiarize-se com as políticas antidiscriminação e os recursos disponíveis para ajudar a garantir um ambiente educacional inclusivo. Isso inclui informações, orientações, grupos de apoio online e até mesmo programas de bolsas de estudo específicos para a comunidade.
Defenda-se e compartilhe sua história: Se você se sentir seguro e confortável, considere compartilhar sua história e suas experiências com pessoas que possam estar abertas ao diálogo. Se sentir que o ambiente educacional atual não é adequado para você, explore outras opções, não fique onde não te cabe, você é incrível!
O Mês do Orgulho LGBTQIA+ é um momento de celebração e reflexão sobre a luta histórica da comunidade por direitos e reconhecimento.
Além disso, é uma oportunidade de reafirmar o compromisso com a inclusão e a igualdade, além de promover a conscientização sobre os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+.
Portanto, todos devemos nos empenhar em construir uma sociedade mais justa, livre de preconceitos e que respeite a diversidade em todas as suas formas.